segunda-feira, 25 de agosto de 2008

POR UMA CERTA VISÃO PRIVATISTA DA UNIVERSIDADE PÚBLICA














Frederico Flósculo






Prof. Frederico Flósculo Pinheiro Barreto
Departamento de Projeto, Expressão e Representação em Arquitetura e Urbanismo.

Há um ambiente francamente adverso a propostas de gestão universitária que se distanciem do modelo da universidade-pública-que-cobra-por-seus-serviços.
Essa é uma discussão compreensivelmente ocultada, pois suas conseqüências lógicas e morais são muito claras, facílimas de compreender. E como distinguir o que é verdadeiro e o que é falso sobre o que é uma Universidade Pública.

O QUE É UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA ?

Poucas pessoas têm coragem de admitir que:
a)Uma universidade que cobra por seus serviços não é pública.
b)Uma universidade que dedica boa parte de seus recursos e tempos para servir “preferencialmente” a que pode pagar por seus serviços não é pública.
c)Uma universidade que evita discutir objetivamente seu compromisso social com prioridades elevadas e coordenadas exatas (“vamos desenvolver tecnologias para reduzir o impacto ambiental dos edifícios públicos”... “vamos aprofundar as pesquisas que fundamentam políticas sociais de redução da violência urbana”... “vamos contribuir para as políticas públicas de combate à prostituição infantil”) não é pública, nem competente, nem decente. E será atropelada por 1.000 REUNIs ao longo de sua lamentável história.

A pergunta que faço é: “Por que as pessoas que acreditam que o conhecimento deve ser vendido, deve ser objeto de captação privilegiada de recursos, deve ser dirigido ao mercado de commodities acadêmicas, de capitalização de pesquisas públicas e títulos acadêmicos como se fossem royalties, acham que devem fazer isso na Universidade Pública ?”

NÃO TENHO A MENOR DÚVIDA DE QUE A INSTITUIÇÃO CERTA PARA FAZER A MERCANTILIZAÇÃO DO CONHECIMENTO – QUE NÃO É ILEGAL – É A UNIVERSIDADE PRIVADA.

Por que essas grandes mentalidades que oferecem essa profunda forma de corrupção da Universidade Pública, que são denunciados insistentemente por pessoas como eu, como tantos outros que defendem uma Universidade Pública e Gratuita, que presta Serviço Público Gratuitamente, e jamais deveria cobrar de forma desvirtuada, por seu trabalho, não se mudam para as Grandes e Poderosas Universidades Privadas ?

Acho que essas pessoas não querem se mudar para essas instituições mercantis (societárias e legais, como se sabe), por algumas boas razões:
a)querem corromper a Universidade Pública para obter vantagens através de uma forma de acesso privilegiado aos recursos Públicos e à Administração Pública;
b)não têm a competência que tanto apregoam, e não sobreviveriam na Universidade Privada, que exigiria dessa classe de ociosos corruptores muito trabalho – e, nada paradoxalmente, muita honestidade. O dinheiro, nas Universidade Privadas, é ciosamente contado. Deveríamos fazer o mesmo na Universidade Pública, pois assim os aproveitadores do mercantilismo “morreriam” sem os recursos públicos e fáceis que lhes caem nas mãos (assim como o poder fácil, a ascensão fácil, totalmente baseados num corporativismo clientelista que não é aceito pelas Universidades Privadas de “primeira linha”, como se diz).

NA VERDADE, AFIRMO QUE UMA UNIVERSIDADE PRIVADA BEM ADMINISTRADA TEM MAIS EXEMPLOS PARA NÓS DO QUE NÓS MESMOS, DEFENSORES DA UNIVERSIDADE PÚBLICA, DESEJARÍAMOS ADMITIR.

O mais óbvio deles é a responsabilidade com os recursos da instituição.
Tentem roubar uma dessas Universidades Privadas. Tentem desviar seus recursos.

Tentem desviar seus recursos para, por exemplo, reformar o Apartamento do Magnífico Reitor, sob o pretexto de que esse grande funcionário “tem que receber grandes pessoas em nome da Universidade Privada”. Manuseiem esses recursos de forma autoritária, arrogante, discricionária, para pô-los onde o Reitorzinho desejar.

Tentem fazer cursos em que seus coordenadores acadêmicos praticamente assaltam os estudantes e a instituição, usando erraticamente seus recursos, e embolsando pessoalmente todo o dinheiro que decidam – do alto de sua autoridade de Dirigentes Universitários - embolsar. Tentem, senhoras e senhores, usar o nome de uma dessas Universidades Privadas para fazer seus próprios negócios, sem prestar contas a mais ninguém que não seja seu próprio (do empreendedor acadêmico) contador.

Tentem.

Vão parar na cadeia – e, a seguir, no olho da rua -, com certeza.

(Na nossa Universidade Pública, esses espertos ganham títulos eméritos, e voltam para ganhar uma “dobradinha” concedida pelos amigos, depois de nominalmente aposentados. Somos agora o paraíso dos mais notórios espertalhões e carreiristas da Capital, e não mais de pessoas notáveis na defesa do interesse público.
E olhem bem: há, neste momento, uma pequena multidão de ex-professores da UnB trabalhando em grandes Universidades Privadas, aposentados ou não. Lá, especialmente aqueles mais escancarados neo-liberais se comportam como silenciosas vestais, comme il faut. São, então, paradoxalmente, ex-neo-liberais totalmente enquadrados por seu impiedoso patrão. Tentem).

O GRANDE CORRUPTOR

Afirmo que é impossível defender uma Universidade Pública que se privatiza seletivamente, de forma safada, silenciosa, mas diante de todos nós, cobrando por pequenos cursos e por “grandes cursos”, por títulos lato sensu e strictu sensu, cobrados, cujas aulas não valem os grossos boletos bancários que os alunos são obrigados a pagar – além dos impostos que custeiam a própria Universidade Pública.

(Nenhum aluno defende uma Universidade Pública e Mercantil. Toda a sociedade defenderá uma Universidade Pública e Idônea, Gratuita, Combativa, de Interesse Social. Esse é o projeto da Universidade Pública da Capital da República. Ou não ?)

Mas os corruptores que privatizam a Universidade Pública na surdina, em cursos à distância, em cursos de extensão pagos, usam o recurso máximo: apelam à própria Autonomia Universitária, para terem o direito de corromper a missão da Universidade Pública.

Há uma questão moral agudamente, perigosamente, pendurada sobre a cabeça de todos nós, e que deve nos preocupar: é a missão da Universidade Pública. O próximo Reitor da UnB continuará a ser um grande Corruptor ? Até que ponto o próximo Reitor manterá o afastamento da UnB de seu projeto de Universidade Pública da Capital Federal ?

Um comentário:

Anônimo disse...

O Jornal EntreBairros de Natal/RN (site: http://www.entrebairros.com.br ), desde o início da campanha para para a eleição do reitor da UnB, tem acompanhado de perto todo o processo eleitoral com especial atenção para a Chapa JÁ 74, cujos candidatos Jorge Antunes e Maria Lúcia Baiana, no nosso entendimento, são os melhores em função de toda a sua trajetória acadêmica e militância política, embasados na ética, honestidade, integridade, transparência, competência, democracia, na diversidade e pluradidade, tudo isso regado ao bom humor, criatividade, compromisso, liderança, música, enfim... Ao bom astral. O perfil dessa chapa mostra que um outro mundo acadêmico é possível de se construir para a evolução das ciências, tendo como fator principal o ser humano e a sua participação em todo o processo na consolidação da Universidade que queremos.
Como forma de demonstrar o nosso apoio Chapa 74 JÁ, estamos dvulgando um banner da respectiva chapa em nosso site.

Saudações e vitória JÁ!

Fátima Leal
Diretora
Jornal Entrebairros
Fone: (84) 3201-9498
Site: http://www.entrebairros.com.br
E-mail: entrebairros@oi.com.br

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